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Foto do escritorFernando Ben

Além da morte. Psicografia de Cruz e Sousa.

Além da morte

​​ Há na discrepância do austo claro Além das vísceras, terra e escuridão Uma inefável luminosidade que abraça mansidão Na certeza sólida de um porvir áureo Há além das profundezas da cova suja Uma profícua luz que atravessa a cátedra Rarefeita, cândida e que amálgama A sensata medida para que da lei não fuja Sem dúvida irão redarguir Os lábios falsos que prolifera a pseudo-razão Eis que ao morrer, não voltas mais a sorrir Porém, vos asseguro que no porvir Estarás liberto do peso da carne em putrefação E serás tu mesmo e não terás chances de fingir.

Cruz e Sousa.

Médium Fernando Ben - Carta recebida dia 27 de Setembro na Pinheira, Palhoça. SC.

 

Breve Biografia do espírito comunicante

João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.

Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.

Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.

Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.

É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.

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